domingo, 26 de fevereiro de 2012

Oriki - Oração a Obaluaiê


Nosso Pai Obaluaiê;
Potência de Deus que cura;
Pai dos enfermos do corpo e da alma;
Atôto!
Pai do silêncio;
Senhor da palha;
Senhor da vida na terra;
Tu que dominas sobre o vosso xaxará todas as doenças, pestes e epidemias;
Estenda vossa misericóridia aos aflitos;
Derrame vossa paz aos corações inconsoláveis;
Seque com vossa palha as lágrimas dos desperados;
Interceda ao Supremo Criador por uma terra mais salubre e por uma humanidade menos maculada pelo ódio, pela violência e pelo desamor ao próximo;
Atôto!
Senhor Omulu
Pai dos passos curtos que anda por onde o homem não consegue pisar;
Caminhe entre os morimbundos;
Toque cada ferida, cada erupção interna e externa do corpo doente e sopre com vosso divino amor o alivio desejado;
Atôto!
Senhor Pai dos pobres;
Senhor da meia luz;
Fonte inesgotável de esperança;
Alumia o caminho dos filhos teus em suas necessidades físicas e espirituais;
Cremos em Ti, por isso O invocamos;
Cremos na Vossa misericórdia, por isso pedimos:
Perdão Obaluaiê!
Sua benção meu Pai;
Atôto!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Os Orixás - Potência de Deus


Itans, lendas, histórias, mitos. Como definir um Orixá?
Nossa proposta é trabalhar conceitos simples ao intelecto e da forma mais racional possível sem com isso colocar em xeque a espiritualidade. Devemos refletir os conceitos aqui descritos dentro da teologia utilizada pelo blog como pano de fundo.
Os Orixás são as diversas potências da energia vital suprema ou a potência de Deus, o Supremo Criador. Essas potências servem-se de vários canais de manifestação, assim dirigem e canalizam toda a ação natural e humana. Não há como definir um Orixá apenas como parte constitutiva de algo ou de alguém, nem tão pouco reduzí-lo à força motriz, ou ao lugar onde sua legenda ecoa. Ele é o conjunto dessas constituições. É pela colheita de uma planta, pela utilização de uma pedra ou ainda pelos fenômenos naturais, que a sensibilidade do homem consegue traduzir o poder do Orixá de punir ou de propiciar coisas boas. É através Dele que o ser humano pode comunicar-se com outros planos de existência e desenvolver conhecimentos amplos e minuciosos sobre a natureza que o cerca, como as propriedade benéficas ou maléficas da flora.
O Ser Supremo confiou à eles a ordem de toda a Sua criação e ,sob a lei divina, regem sua atitude frente ao homem, sabendo inclusive o que os homens podem lhes dar. É a legenda de um Orixá que move a fé do homem, da casa de culto ou de um povo. Para conhecermos a fundo a legenda de um Orixá, necessariamente, há de se conhecer a história da África sob dois prismas: do Ayê ( terra ) ou a história propriamente dita, e do Orum ( espiritual ) ou a teologia formada pelos mitos dos diversos povos e clãs africanos. Trataremos sobre a legenda de cada Orixá oportunamente, sempre de forma objetiva e com a finalidade de acrescentar conhecimento à nossa cultura religiosa, provocar reflexões e, sobre tudo, contribuir para a nossa evolução espiritual. A principal finalidade dos Orixás é contribuir para a realização do ser humano na vida ou ainda para que, de fato, o homem seja a energia vital realizada na sua plenitude e assim, com a mútua colaboração Orixá - homem, resulta a felicidade do mundo. É de suma importância que o homem entenda que o conjunto dos Orixás produz o que é necessário para a felicidade no mundo, assim o tratado sempre assume o  caráter objetivo em detrimento da subjetividade. Em resumo, a ação do Orixá visa sempre o bem coletivo. Quando nos colocamos frente a um Orixá devemos ter clara a nossa fragilidade e ignorância frente a força e a sapiência. Estamos diante das respostas dos acontecimentos, bem como das respectivas soluções, claro que mediante os parâmetros da lei divina.
Tudo o que é visível provem do invisível. Com esta afirmação, humildemente, conceituamos o Orixá para melhor entendermos, lembrando que Ele recebe o culto destinado ao Ser Supremo, com preces, ritos, sacrifícios, observações de tabus e a indução do transe. Seu culto deve basear-se sempre na assistência mútua entre os espíritos, guias espirituais e nós, os seres humanos.

Mucuiu!

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Deus - o Ser Supremo.

Em toda cultura religiosa monoteísta o Ser Supremo, Deus, é inacessível ao ser humano. A distância é tamanha que em todas essas culturas existem os intermediários responsáveis pela transmissão de orações, súplicas, cultos e sacrifícios. Exemplo desta afirmativa: está para os cristãos Jesus Cristo, para os muçulmanos o profeta Maomé e para as religiões de matriz africana os Orixás, ou Inkices, ou Voduns. 
Ainda monoteístas, mas como uma exceção explicável, estão os judeus que professam a fé em um só Deus, mas aguardam a vinda do Messias, o intermediário entre o Ser Supremo e o homem. Esses professam sua fé através de orações, súplicas, cultos e sacrifícios de acordo com a lei herdada dos intermediários do passado a saber Abraão, Moisés, Davi, entre outros.
No universo africano, as denominações do Ser Supremo estão intimamente ligadas às mitologias de cada povo, assim, Olofim está para Ifá, Olorum ou Olodumaré, para os iorubanos; N'Zambi, para os Bantus, etc.
Já abordamos o conceito do Ser Supremo também como energia vital incriada e geradora de todas as outras, podemos assim conceituar que os Orixás, intermediários entre Deus e o homem, são a expressão máxima da força vital dos fenômenos naturais também na vida humana. Esta afirmação poderia levar-nos a uma reflexão e chegar até a uma dicotomia, porém, bem mais precisa que a divinização dos Orixás. Divino só o Ser Supremo. Este conceito de divinização ajudará a entendermos posteriormente o sincretismo presente na Umbanda. Devemos ter em mente que tudo o que existe no universo, inclusive a cadeia natural formada pelo Ser Supremo, intermediários e o ser humano, interagem em obediência à regras extremamente precisas por meio da respectiva força vital. 
Não há culto ao Deus monoteísta. Há, sim, culto aos seus intermediários.
O Ser Supremo não se manifesta no ser humano, mas age, cria e recria sua energia vital, em que o homem a realiza finitamente (ciclo da reencarnação). Os intermediários não se manifestam plenamente nos fenômenos naturais e, tão pouco, nos homens, mas centelhas, minúsculos fragmentos, agem diretamente sobre eles em respeito às limitações sensoriais da obra do Criador: o ser humano. 


Mucuiu!

Algumas definições básicas e primordiais!


Não há como não ficar perplexo com a expansão do efeito papagaio e da cultura do Ctrl C & Ctr V.  Com o intuíto de minimiza-los, relacionaremos  alguns conceitos básicos com o único objetivo de fomentar a reflexão do que já foi escrito, falado, divulgado, pregado e confundido até aqui. Chamamos a atenção para a grande variedade  metodológica aplicada à teologia, no entanto vale ressaltar que o universo das religiões de matriz Africana é irrefutavelmente MONOTEÍSTA!

Deus => Apenas UM ( Zambi, Olorum, Olodumare, Mawu, etc...) o criador de todas as coisas. Energia Suprema, incriada e geradora de todas as outras.
Orixá => Potência diversificada da Energia Suprema. Potência de Deus.
Vida => Energia vital ( mineral, vegetal, animal, "humana") presente em toda forma de vida.
Ser Humano => Energia vital realizada (razão), manipulador limitado desta mesma energia.
Eledá => Energia Vital predominante no ser humano desde o momento incial da encarnação até o final do ciclo (morte fisica), Orixá de Cabeça, do Ori.
Bori => Ritual de reencontro, equalização energética entre o Ori e o Orixá. A energia vital predominante do ser humano chega ao seu cume, seu Eledá é conhecido!

Todos estes conceitos e outros ainda serão oportunamente tratados com riqueza de detalhes, mas, fica o convite para uma reflexão e releitura sobre as escritas,  leituras, e outros meios de divulgação da cultura da religião de matriz Africana já realizadas.

Mucuiu!