Quando o homem do campo tira o chapéu e empurra levemente
a água com as mãos antes de bebê-la, exerce uma atitude sábia ao pedir licença
para a água. Sabe que não é o centro do mundo, mas participa dele por uma
concessão, por uma graça sem a qual não haveria vida. Na sua simplicidade, ele
sabe que a vida vem de fora de nós quando joga uma pedrinha na água formando
ondas concêntricas, formas circulares e perfeitas: é o principio fundamental do
símbolo.
Utilizei este exemplo para afirmar o quanto a sacralidade
hoje, começa a tornar-se uma linguagem incompreendida, distorcida. A relação do
homem com o Sagrado é mais imposta pelo próprio homem, segundo seus desejos e
necessidades, do que pela escuta do Sagrado. Há pessoas, lugares, objetos
iguais aos demais, mas "escolhidos", "reconhecidos", nos
quais Um outro se manifesta e orienta a humanidade. Eis o verdadeiro sentido de
santo, diferente de um sentimento moralista ou idólatra como muitos o concebem.
A imagem é a linguagem do espírito e temos que nos
exercitar nos gestos, sons, cores e formas por onde o sagrado se manifesta.
Finalizo com a visão teológica ao mesmo tempo simplista,
ao mesmo tempo profunda, mas respeitosa: nem tudo aquilo que se manifesta diferente
do cotidiano, do profano, do usual é o Sagrado, o Santo.
NZambi kakala yeto!....sempre
Mucuiu!
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