sexta-feira, 20 de abril de 2012

O Sagrado e o Profano


Quando o homem do campo tira o chapéu e empurra levemente a água com as mãos antes de bebê-la, exerce uma atitude sábia ao pedir licença para a água. Sabe que não é o centro do mundo, mas participa dele por uma concessão, por uma graça sem a qual não haveria vida. Na sua simplicidade, ele sabe que a vida vem de fora de nós quando joga uma pedrinha na água formando ondas concêntricas, formas circulares e perfeitas: é o principio fundamental do símbolo.

Utilizei este exemplo para afirmar o quanto a sacralidade hoje, começa a tornar-se uma linguagem incompreendida, distorcida. A relação do homem com o Sagrado é mais imposta pelo próprio homem, segundo seus desejos e necessidades, do que pela escuta do Sagrado. Há pessoas, lugares, objetos iguais aos demais, mas "escolhidos", "reconhecidos", nos quais Um outro se manifesta e orienta a humanidade. Eis o verdadeiro sentido de santo, diferente de um sentimento moralista ou idólatra como muitos o concebem.

A imagem é a linguagem do espírito e temos que nos exercitar nos gestos, sons, cores e formas por onde o sagrado se manifesta.

Finalizo com a visão teológica ao mesmo tempo simplista, ao mesmo tempo profunda, mas respeitosa: nem tudo aquilo que se manifesta diferente do cotidiano, do profano, do usual é o Sagrado, o Santo.

NZambi kakala yeto!....sempre

Mucuiu!

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